Neste domigo...estando envolta de filhos...e do PAI GINO.
Estamos...os meus João e Ramiro e os de meu marido Felipe e Renata.
Enquanto aguardamos o almoço que estamos preparando a tantas mãos....com alegria!
E veja: Isto tudo... depois de ter curtido o futebol na Escolinha do ABC em Natal, do Neto Guilherme...cujo time ganhou!
E tempo de parar frente a grande janela da Net e alimentar este Blog Lilás com uma mensagem aos pais.
Encontrei esta e julguei ser tão linda, tão completa... copiei e te oferto para leitura.
Foi postada no endereço que cito: http://www.portalsousas.com.br/noticias/gerais/domingo-13-de-agosto-e-dia-dos-pais-0659/. A foto também é reprodução.
Utilizei o ctrl "c" ctrl "v" nesta data, porque....falar do meu pai seria muito, muito, muito bom, gostoso, alegre e etc e tal....que chegaria à saudade!
Assim, prefiro sentir a saudade física dele...amando-o como sempre!
Só...apresentando um conselho dado, aprendido e vivido até os dias atuais:
"Nunca deixe que apaguem a expressão de teu sorriso.
Nele vejo todas as suas qualidades... ofuscando os defeitos que a vida nos proporciona." JOF*
Domingo, 13 de agosto é dia dos paisVoltar
Por: Luelyn Jockyman, filha de Sérgio Jockyman
Um pai. Parece que existe uma ordem natural das coisas, afinal de contas. Os filhos ficam, os pais, se vão. Os pais, cuidam dos filhos durante a vida. Os filhos cuidam dos pais quando ficam velhos. É fácil falar, mas é difícil viver.
Eu cuidei do meu pai durante mais ou menos 6 meses. Não interessam os motivos, mas ele veio morar comigo. De uma hora para outra, eu tinha que saber qual remédio ele tinha que tomar, em qual horário, o que ele podia comer, e se ele estava tomando banho (!). Pai, tu dormiu de pijama? Pai, come toda comida, até o fim! Pai, senta pra fazer xixi! Se alguém me contasse, não acreditaria. É surreal. Ele era uma pessoa conhecida. Foi, durante uma época da vida, mas mesmo que não fosse, os pais são sempre criaturas fortes, que comandam a casa, que metem medo, que a gente respeita. Que a gente admira. De repente eles perdem a dentadura no restaurante? Ou põe a camisa do lado do avesso? Quem é essa pessoa que eu tô cuidando afinal?
Ah, lembrei! Pai, a gente tem a biografia do Churchil? Claro, filha, mas ele era uma pessoa, blabla, blabla, blabla... Esse eu conheço, meu pai! Ele tem 10 mil livros! Ele leu uns 7 mil deles (hoje eu sei, não foram todos, descobri isso porque alguns deles tem as páginas coladas, há!). Ele sabe coisas que eu não sei. Mas, ele levanta e anda arrastando os pés, e eu preciso correr para ajudá-lo a subir o degrau. Meu pai, esse velhinho frágil, de andar incerto, humilde, delicado, carinhoso.
Meu pai, que não me deixou ser jornalista porque eu não lia jornal (coberto de razão). Meu pai que jogou uma caneta na minha cara quando eu escrevi uma matéria que ele achou mediocre. Meu pai, que me chamou de burra quando eu decidi ser veterinária e passava noites em claro estudando. Meu pai. Um pai.
Ele fez isso, mas ele me abraçou muitas vezes quando eu precisei. Ele me acolheu, e me disse que me amava, quando era só o que eu queria ouvir. Ele me ensinou a jogar crapô, e xadrez. E jogou comigo mil vezes, e ganhou (ele era muito competitivo, mesmo com uma menininha de 10 anos). Ele me ensinou que São Paulo era maravilhosa. Que o Le Casserole era O restaurante pra um jantar romântico. Que ficção científica é tudo! Que champagne francês é uma das melhores coisas do mundo! Que sábado a noite é especial e merece um jantar a altura. A amar cinema. Ele me fez, quem eu sou.
Por isso talvez, eu tenha cuidado dele 47 dias no hospital. E fiquei feliz por ter feito isso. Eu vi ele achar que ia morrer e respirar mal, depois melhorar. Eu vi ele ficar acabado depois de uma hemodiálise. E outra, e outra, e outra. Eu vi ele ter esperança em mudar para diálise peritoneal. Eu vi também ele ter uma septcemia e ter alucinações. Mas já aviso, que alucinações de escritor são mais, ãh, criativas. Tinha uma TV ligada no quarto dele, junto com outros 3 pacientes. No dia da posse da Dilma a TV virou 24 horas. Acho que ele ouvia. Eu levei a Veja que ele pediu para ler ( na hora que dei na mão dele ele folhou ela inteirinha de cabeça pra baixo. Eu leio de trás pra frente, mas essa foi nova...). Na Vejinha SP tinham destaques de personalidades por causa do aniversário da cidade. Um deles era Olavo Setúbal, que ele deve ter visto. Quando cheguei ao hospital uma manhã, não lembro o dia, ele tava apavorado. Disse que a Dilma tinha nomeado o Setúbal para ministro, e que os militares estavam por trás dele,e tinham dado um golpe e deposto ela. Veio um cara de Brasília e demitiu toda a enfermagem do hospital, e a Unicamp iria fechar. O problema dele é que ele não lembrava meu telefone pra eu ir buscar ele. Os colegas de quarto eram coadjuvantes contratados pela Globo. Nesse dia eu chorei. Muito. Mas, lavei o rosto e voltei pro lado dele.
Ele piorou. Ele perdeu as esperanças na diálise peritoneal quando o cateter entupiu e ele voltou para hemodiálise. Ele me perguntou: o que deu errado? Pai, porque tu acha que alguma coisa deu errado (chorando e berrando pra dentro)? Silêncio. Dele. Meu. Eu tenho que deixar de ser egoísta e ele tem que descansar. 80 é bastante. Pai, já vou indo. Filha, já devia ter ido.
Não vi mais ele acordado. Fiquei ali, segurando a mão dele, olhando o monitor cardíaco. Horas. Demora. Mas, vi que o traçado mudou. Vai ser agora. Vou descer pra comer uma coisa, quando eu voltar, acabou. Desci. Comi. Voltei. Tá acontecendo. A freqüência tá baixando. Ele tá morrendo. Morreu._________________.
80 não é o bastante. Pra o meu pai, pra qualquer pai.
Uma filha, sem pai.
Por: Luelyn Jockyman, filha de Sérgio Jockyman
Um pai. Parece que existe uma ordem natural das coisas, afinal de contas. Os filhos ficam, os pais, se vão. Os pais, cuidam dos filhos durante a vida. Os filhos cuidam dos pais quando ficam velhos. É fácil falar, mas é difícil viver.
Eu cuidei do meu pai durante mais ou menos 6 meses. Não interessam os motivos, mas ele veio morar comigo. De uma hora para outra, eu tinha que saber qual remédio ele tinha que tomar, em qual horário, o que ele podia comer, e se ele estava tomando banho (!). Pai, tu dormiu de pijama? Pai, come toda comida, até o fim! Pai, senta pra fazer xixi! Se alguém me contasse, não acreditaria. É surreal. Ele era uma pessoa conhecida. Foi, durante uma época da vida, mas mesmo que não fosse, os pais são sempre criaturas fortes, que comandam a casa, que metem medo, que a gente respeita. Que a gente admira. De repente eles perdem a dentadura no restaurante? Ou põe a camisa do lado do avesso? Quem é essa pessoa que eu tô cuidando afinal?
Ah, lembrei! Pai, a gente tem a biografia do Churchil? Claro, filha, mas ele era uma pessoa, blabla, blabla, blabla... Esse eu conheço, meu pai! Ele tem 10 mil livros! Ele leu uns 7 mil deles (hoje eu sei, não foram todos, descobri isso porque alguns deles tem as páginas coladas, há!). Ele sabe coisas que eu não sei. Mas, ele levanta e anda arrastando os pés, e eu preciso correr para ajudá-lo a subir o degrau. Meu pai, esse velhinho frágil, de andar incerto, humilde, delicado, carinhoso.
Meu pai, que não me deixou ser jornalista porque eu não lia jornal (coberto de razão). Meu pai que jogou uma caneta na minha cara quando eu escrevi uma matéria que ele achou mediocre. Meu pai, que me chamou de burra quando eu decidi ser veterinária e passava noites em claro estudando. Meu pai. Um pai.
Ele fez isso, mas ele me abraçou muitas vezes quando eu precisei. Ele me acolheu, e me disse que me amava, quando era só o que eu queria ouvir. Ele me ensinou a jogar crapô, e xadrez. E jogou comigo mil vezes, e ganhou (ele era muito competitivo, mesmo com uma menininha de 10 anos). Ele me ensinou que São Paulo era maravilhosa. Que o Le Casserole era O restaurante pra um jantar romântico. Que ficção científica é tudo! Que champagne francês é uma das melhores coisas do mundo! Que sábado a noite é especial e merece um jantar a altura. A amar cinema. Ele me fez, quem eu sou.
Por isso talvez, eu tenha cuidado dele 47 dias no hospital. E fiquei feliz por ter feito isso. Eu vi ele achar que ia morrer e respirar mal, depois melhorar. Eu vi ele ficar acabado depois de uma hemodiálise. E outra, e outra, e outra. Eu vi ele ter esperança em mudar para diálise peritoneal. Eu vi também ele ter uma septcemia e ter alucinações. Mas já aviso, que alucinações de escritor são mais, ãh, criativas. Tinha uma TV ligada no quarto dele, junto com outros 3 pacientes. No dia da posse da Dilma a TV virou 24 horas. Acho que ele ouvia. Eu levei a Veja que ele pediu para ler ( na hora que dei na mão dele ele folhou ela inteirinha de cabeça pra baixo. Eu leio de trás pra frente, mas essa foi nova...). Na Vejinha SP tinham destaques de personalidades por causa do aniversário da cidade. Um deles era Olavo Setúbal, que ele deve ter visto. Quando cheguei ao hospital uma manhã, não lembro o dia, ele tava apavorado. Disse que a Dilma tinha nomeado o Setúbal para ministro, e que os militares estavam por trás dele,e tinham dado um golpe e deposto ela. Veio um cara de Brasília e demitiu toda a enfermagem do hospital, e a Unicamp iria fechar. O problema dele é que ele não lembrava meu telefone pra eu ir buscar ele. Os colegas de quarto eram coadjuvantes contratados pela Globo. Nesse dia eu chorei. Muito. Mas, lavei o rosto e voltei pro lado dele.
Ele piorou. Ele perdeu as esperanças na diálise peritoneal quando o cateter entupiu e ele voltou para hemodiálise. Ele me perguntou: o que deu errado? Pai, porque tu acha que alguma coisa deu errado (chorando e berrando pra dentro)? Silêncio. Dele. Meu. Eu tenho que deixar de ser egoísta e ele tem que descansar. 80 é bastante. Pai, já vou indo. Filha, já devia ter ido.
Não vi mais ele acordado. Fiquei ali, segurando a mão dele, olhando o monitor cardíaco. Horas. Demora. Mas, vi que o traçado mudou. Vai ser agora. Vou descer pra comer uma coisa, quando eu voltar, acabou. Desci. Comi. Voltei. Tá acontecendo. A freqüência tá baixando. Ele tá morrendo. Morreu._________________.
80 não é o bastante. Pra o meu pai, pra qualquer pai.
Uma filha, sem pai.
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